Faz-me mover o que eu acredito, o que eu aprendo e quero partilhar, o que eu encontro em mim e nos que chegam até à minha pessoa. Faz-me mover os medos e os desejos, a vontade de ser melhor e o medo de não viver tudo… talvez sejam muitas pequenas coisas que me façam mover, mas o certo é que duas delas tem um poder maior ao menos em mim: medo e urgência.
O medo é uma alavanca preciosa – assim como a raiva, por exemplo – mas hoje falo do medo porque ela envolve os rins, envolve as emoções, envolve a coragem e a força de vontade. O medo faz com que o Universo traga tudo aquilo que tememos para nos fazer enfrentar, vencer ou desistir, porque ao Universo não interessa o resultado final… interessa é se estamos ou não ali para nos vencer. Sim, vencer a nós próprios e não o medo disto ou daquilo. E veja que o desistir também pode ser um vencer, mas com uma conotação distinta, porque por vezes desistir é uma forma de nos rendermos aos nossos limites e aprendermos a humildade.
Então, cada um de nós traz em si qualidade inerentes, as lutas que iremos travar ao longo da vida, nem sempre nos apercebemos bem delas ou do efeito e poder das mesmas, mas é certo que trazemos ferramentas internas que estão desejosas de virem ao de cima e nos ajudarem a sermos o melhor de nós.
Na próxima vez que o medo lhe paralisar por segundos que seja, lembra de que ele é parte de você, não é maior ou menor, não está fora ou dentro. Ele é parte de você e quando o ver assim poderá perceber que ele está ali para validar outras qualidades suas.
Quando trato de crianças ou adultos com síndrome de pânico, ou medos e terrores nocturnos, sempre começo por algo muito simples… qual o tamanho e a forma do medo. Porque quando começamos a olhar para o medo, percebemos o que temos para aprender com ele. Claro que para os pais que precisam lidar com crianças com medos não é fácil as noites sem dormir, ou pesadelos, ou medo de ir ali no virar da esquina. Mas aos poucos, com as terapias adequadas – e aqui entram homeopáticos, psicólogos, florais, arte terapia, artes marciais… enfim – entram milhentas formas de tratar que caibam naquela situação e pessoa. Mas nada com a rapidez que se quer, mas tudo com o tempo e espaço necessário para que a pessoa em causa possa encontrar a sua forma de realizar este energia dentro dela e fora dela, como parte dela e tudo bem.
Conheço o medo, lembro de ter pesadelos durante boa parte da minha infância, de perder a voz e não poder pedir por ajuda, então percebo muito bem uma criança com medo… porque já estive lá e sei que não dá para explicar direito o que nem eu própria sabia ou sentia. Então aos pais peço sempre que tenham paciência, rezem junto com os vossos filhos porque a fé aqui vai ajudar muito quando ele estiver só e tiver que lidar com este “problema”.
Voltando ao que me move, a urgência de viver, desculpe quem precisa de horas para tudo, eu confesso que sou rápida em muitas coisas e nem sempre tive a paciência com a lentidão de outros seres. Então, percebo claramente a urgência de viver que consome muita gente e especialmente os jovens e os de meia idade… duas fases na vida que exigem uma tomada de posição e não deixam outra possibilidade que não seja: agir!
A urgência de viver tem um aspecto curioso que é o querer saber muito, conhecer e ver tudo, a necessidade de estar em todas e, ao mesmo tempo, precisar de um espaço silencioso para processar tudo. Alguém com urgência de vida não pára muito tempo, precisa de aprender a fazer dez milhões de coisas diferentes e que nem sempre se interligam, mas é a fome de viver que faz com que queiramos viver e nos movimentar neste sentido.
Sempre tive dificuldade em aceitar algumas características que para mim eram questionáveis, como o tirar férias sempre no mesmo lugar quando temos um mundo todo por descobrir, ou viver a vida inteira no mesmo lugar sem mudar nada. Hoje entendo que estas pessoas são necessárias, são os portos seguros de muitos que saem pela vida a fora. Cada um é o que é e tudo bem, mas aqui era preciso entender que, para uma pessoa com urgência de vida isto soa como a própria morte em vida, e então é preciso dar asas aos que têm asas e chão para os que são fixos, porque cada um de nós é o melhor que pode ser.
O que movimenta cada um tem muito a ver com a herança genética e herança energética que trazemos connosco aquando do nosso nascimento aqui. Pode até ser que se consiga viver tudo, ou parte, ou quiçá nos percamos pelo caminho e mudemos tudo o que viemos fazer. Mas o certo é que há algo que move e precisamos de o conhecer para podermos nos sentir completos.
Quando se é pai/mãe temos que nos dar ao trabalho de conhecer e possibilitar aos nossos filhos este aprendizado da melhor maneira possível, para não termos adultos “problemáticos” lá na frente. Assumimos o compromisso de os ajudar, então temos que fazer a nossa parte e não tem haver com molda-los ao que queremos. Pelo contrário, tem a ver com deixar eles serem quem são e dar-lhes apoio e ferramentas para isto.
Existem perguntas que não querem calar dentro de cada um, e nem devem mesmo serem caladas. Elas precisam de virem ao de cima para poderem ser resolvidas ou compreendidas ou simplesmente aceites para que se possa movimentar sem culpas e sem dramas.
A vida é óptima e nos quer feliz e vivos dentro dela, e se para isto precisar de ajuda força. Porque todos precisamos de ajuda e também de ajudar para seguirmos numa humanidade melhor.
Este ano teve um efeito de movimentação em muita gente, algumas sabiam para onde iam, outras simplesmente seguiam o fluxo, mas o facto é que o movimento fez a diferença no caminho de muitos, e se foi melhor ou pior é simplesmente um desdobrar do estar atento a si mesmo e ao que o move.
Então fica o meu desejo que para o próximo ano você seja capaz de se movimentar de forma clara e consciente, para que possa viver e ser integralmente o individuo maravilhoso que é!
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