Quando a mudança acontece fora dos nossos padrões ou desejos…
…nem sempre é fácil de gerir não só as “novidades”, mas especialmente as frustrações associadas a estas novas realidades. Então vem a casa a baixo e parece que tudo está “errado”, mas será mesmo que está “errado” ou fomos nós que esquecemos de que “Deus escreve certo, por linhas tortas”?!?!
A vida muda, nós mudamos a cada dia, já não somos os mesmos de ontem, quiçá não seremos os mesmos dentro de meses ou anos, e graças a Deus, porque assim podemos sempre corrigir comportamentos, fazermos melhor ou diferente, mas especialmente podemos nos perder e encontrar, podemos finalmente aprender quem somos e quais são os nossos valores, o que nos faz seguir em frente e viver.
Por mais que busquemos a paz e a tranquilidade, a vida vai primeiro nos dar o movimento, a dança, o alto e o baixo, as alegrias e as tristezas supremas. Lembra-se de como era ser um adolescente para quem tudo é muito, é intenso, é definitivo, é o tudo e o nada?
Para muitos estas mudanças podem trazer sintomas físicos. Um exemplo típico disto é o sentimento do medo que age de forma subtil no princípio, um certo receio que torna difícil dormir a noite toda, ou faz acordar várias vezes ao longo da noite, enfim algo simples que de repente cresce e se não damos a devida atenção pode chegar num extremo de pânico. Não faz mal ter medo, medo é um sentimento que nos ajuda perceber os nossos limites e fragilidades, mas é assim que deve ser visto, do contrário será maior do que a própria situação e podemo-nos perder com estes efeitos.
Então, quando falamos de mudança, precisamos de nos recordar de que há mudanças e mudanças, mas em qualquer uma delas vamo-nos confrontar com as nossas qualidades, mas também com as nossas sombras, e tudo bem. Significa simplesmente que somos seres humanos, e como humanos vamos precisar de dar uns passos incertos para depois dar os certos, e talvez até podemos dar os certos para depois os incertos, vai depender do quanto estamos, de fato, conscientes de quem somos e onde estamos. E quem disse que é fácil mudar?!?!
(…) somos seres humanos, e como humanos vamos precisar de dar uns passos incertos para depois dar os certos, e talvez até podemos dar os certos para depois os incertos, vai depender do quanto estamos, de fato, conscientes de quem somos e onde estamos.
Quando uma pessoa me fala sobre o desejo de mudar, sempre me pergunto se ela tem real consciência do que está a pedir ou desejar, porque as vezes queremos mudar tudo nas nossas vidas, mas pela razão menos importante ou talvez a mais “fácil”, para não tratar o que de fato deveria ser tratado. Não acredito em mudanças radicais pela simples razão de serem demasiado difíceis de serem mantidas a longo prazo. Por este motivo antes de mudar, pare, pense, reflita sobre o que de fato está a incomodar, se for o caso peça ajuda de alguém que confie ou de um profissional, mas faça suas escolhas baseadas no que é e não em medos e ilusões, porque por vezes não viemos aqui transformar o mundo, mas transformar a nós, um grão de areia num areal, e tudo bem.
Há mudanças que nos tomam de tal forma que a vontade é pedir para saltar fora, saber onde é a saída de emergência, mas são estas que nos fazem crescer e darmos o salto quântico da sombra para a luz, quase como um big bang. Então a resiliência, a força de vontade, a forma como fomos sendo forjados ao longo da vida faz toda a diferença, porque nesta hora só quem se conhece – ou tem fé – consegue-se ultrapassar e, tal qual a fênix morrer e renascer, mais forte e mais sábio.
Nunca deixe de validar o esforço que cada um faz no sentido de ser e viver o melhor que pode a vida que tem. Porque a vida é o dia a dia, é o compromisso e a responsabilidade, é o dar e o receber, é fazer o que deve ser feito, e aqui muita gente boa se perde. A humildade e honradez de fazer o que deve ser feito, o que precisa ser feito, e não fugir por meio de divagações ou ilusões, porque cedo ou tarde vamos colher o que plantamos e oxalá tenhamos feito o que deveria ter sido feito.
A consistência com que lidamos com a vida nos levará mais ou menos longe, mas seja como for, lembra de que o nosso compromisso maior é com a vida em si, com sermos o melhor de nós mesmos.
Pelas mudanças que decorrem no planeta, que possamos trazer mais clareza aos nossos pensamentos e ações. Pelas mudanças que decorrem dentro de cada um de nós, que possamos nos sentar e rever o que de fato importa para não perdermos tempo de vida e energia vital. Pelas mudanças que não percebemos, que possamos ter a capacidade de aceitar e acreditar que não há mal que não venha a ser um bem. E que nunca, nenhuma mudança seja uma nuvem branca em nós, porque então perderia o sentido da vida e do ser humano.
E viva as mudanças que nos libertam do controle… porque nada na vida está sob controle como pensamos que está e ainda bem!