Quando nos sentimos esgotados de todas as nossas reservas de energia resultante de desafios diários gerados pela disciplina social, procuramos muitas vezes o refúgio necessário para voltarmos a encontrar o equilíbrio de que tanto precisamos para nos sentirmos bem. Muitas vezes o nosso porto de abrigo é a família que nos trás o conforto, são os amigos que nos preenchem, ou o sossego de um quarto vazio que nos permite viajar num turbilhão imenso de pensamentos à procura de respostas a questões que nos trazem tantas dúvidas. Cada um de nós gere o seu próprio desequilíbrio emocional; o momento faz a sua escolha. No entanto há sempre alguém disponível para nos receber. Percorremos aqueles trilhos cobertos de folhas caídas e seguimos em frente até ao rio que corre desgovernado embatendo nas rochas que por ali descansam. A água gelada ajuda a matar a sede. Observamos os peixes que num corrupio seguem a sua vida, seja ela qual for; olhamos para o reflexo de um rosto cansado. A árvore que pelas suas raízes de longos anos nos transmite serenidade é a escolhida para descansarmos. Escutamos o vento a anunciar que estamos ali; somos intrusos mas vimos por bem. Precisamos de ajuda. Os pássaros observam-nos atentos e trocam mensagens entre si. A nós parecem-nos notas soltas que rapidamente se transformam em curtas melodias. Enterramos os pés na terra e tudo se transforma. Ao mesmo tempo que descarregamos energias que não nos pertencem, sentimos que nos renovamos interiormente. Respiramos fundo uma vez, duas vezes, as vezes que forem necessárias até que o ar fresco nos purifique. Ficamos ali mais um pouco para que a mente acalme e o pensamento flua com clareza. Se estivermos atentos chegam-nos mensagens sussurradas pelas folhas que dançam ao sabor do vento. Por fim com um abraço apertado à arvore que nos acolheu, agradecemos pela sua sabedoria. Sentimos o seu coração bater de encontro ao nosso peito e regressamos a casa de espírito livre. Há sempre alguém pronto a receber-nos: a natureza não abandona aqueles que dela precisam.
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