O Julião era o único pavão da quinta. Vivia numa casa grande e cheia de alegria, juntamente com as galinhas, o galo e os pintainhos. Davam-se todos muito bem, mas o Julião era um pavão tímido e triste. Olhava para todos os seus companheiros, escutava os seus cacarejos de alegria e encolhia-se nas suas grandes penas, tristonho.
O Julião achava-se o animal mais feio daquela quinta, e isso fazia dele um pavão sempre encolhido.
Os pintainhos adoravam andar de roda dele, a implorar para ele abrir a sua cauda num leque colorido e ele lá lhes fazia a vontade, envergonhado.
— Que bonito que és! Que cores magníficas! — Gritavam os pintainhos entusiasmados.
O Julião achava-os uns pintainhos muito simpáticos e muito educados, mas não acreditava numa só palavra. Como é que o podiam achar bonito???
As galinhas também iam muitas vezes ter com ele, às vezes para lhe pedir uma ou outra das suas grandes penas, para limparem o pó, outras vezes para apanhar alguma pequenina que andasse por ali caída, para enfeitar as suas cabecitas. E todas o admiravam.
— Julião, és a ave mais bonita desta quinta!
E o Julião agradecia a amabilidade, mas sem acreditar nos seus amigos, que eram tão simpáticos só para ele não se sentir triste.
O galo, esse, andava sempre ciumento. Já tinha tentado pentear a sua cauda para ela ficar maior, já tinha tentado imitar o andar de Julião, mas nada resultava para que todos o admirassem como ao pavão.
E o Julião continuava triste, a sentir-se o mais feio de todos os animais da quinta, diferente de todos: no tamanho, nas penas, nas cores. E continuou tímido e encolhido, até que chegou uma nova ave à quinta, grande e colorida, chamada Juliana.
Agora vamos lá! Pensar com Calma faz bem à Alma!
— Seria o Julião bonito ou feio?
— O que é ser bonito?
— Sermos diferentes faz de nós feios? Porquê?
— Precisamos dos outros para sermos bonitos ou feios?
— Podemos ser bonitos e feios ao mesmo tempo?
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