Ao subir por aqueles degraus encrostados naquele terreno selvagem, acendi o meu ultimo cigarro de enrolar e dei longas baforadas sentindo o meu corpo pesado e entorpecido enquanto os meus pensamentos vagueavam por aí sem saber onde procurar-te. Se não fosses tu, a vontade de permanecer vivo há muito que teria sucumbido ao desespero de voltar a ver-te; estou perdido neste mundo doente e demente e não encontro o meu caminho para casa. Cá em cima, no alto desta montanha sinto a chuva a bater-me na cara e sinto-me vivo. Caminho devagar em direcção ao abismo na esperança de ouvir-te a chamar por mim; olho para trás num instante mas foi apenas o vento que sussurrou o meu nome como tu costumavas fazer quando debaixo das estrelas e à luz da lua escrevíamos o nosso destino. Olho para baixo e vejo o teu rosto desenhado no infinito como se a própria natureza ganhasse a forma dos contornos do teu corpo, obrigando o meu coração a mergulhar num mar de emoções incontroláveis ao ponto dos meus olhos se encherem de lágrimas. Sempre fizeste parte de mim e das melodias que escrevi para ti delirando por um amor perfeito.
Quando as palavras que são ditas se transformam em murmúrios que não sabemos explicar; quando choramos na ausência de momentos que em tempos partilhámos juntos; quando os nossos corpos se unem ao encontrarem-se no calor de um aconchego, quando com um beijo viajamos em pensamentos e o coração palpita ao ponto de nos sufocar; quando os nossos olhos se cruzam e conseguem desvendar os segredos da nossa alma; quando o desejo de nos perdermos um no noutro é mais forte do que as forças do universo, então encontramos o amor.
O amor manifesta-se através de sensações que dificilmente somos capazes de controlar e, naqueles momentos que nos deixamos levar por sentimentos sentidos em nome de alguém, por vezes perdemos a noção da realidade.
Ouvi-te novamente a chamar por mim, fechei os olhos e sem saber quem és atirei-me para os teus braços; renasci.
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