Era uma vez um Feijão Frade…
Como se estava bem ali! Uma cama macia, no escurinho de uma vagem, com outros feijões ali ao lado, cada um na sua caminha. Dormia um bom sono quando lhe apetecia e acordava quando lhe apetecia. Aquela cama era só dele! Os irmãos, deitadinhos ali ao lado, não incomodavam. Também dormiam quando lhes apetecia.
Um dia pela frescura da manhã ouviu uma voz familiar dizer:
– Os feijões estão maduros. É tempo de os apanhar!
Espreitou por uma fresta da vagem e viu as mãos do dono do feijoal, estenderem-se e, com um puxão forte, levou-o a ele e aos seus irmãos, vendo se atirado para um grande cesto. Esteve quase para para refilar “É assim que se tratam os feijões?!?”. Mas calou-se bem caladinho, a ver o que ia acontecer a seguir. Na verdade, deu uma data de cambalhotas – tantas que até já lhe doía a cabeça, a bem dizer, doía-lhe o corpo todo.
Apanhados todos os feijoeiros – é assim que se chamam as plantas que produzem feijões – viu-se de novo em liberdade, numa eira ao sol. Agora sim! Podia bronzear se à vontade. Que rico sol! Ali esteve um ou dois dias. Durante esse tempo, apareceu por lá um rapaz, filho dos donos dos feijões que, sem cuidado, na brincadeira com o cão, deu uma reviravolta nos feijões que secavam e o tal Feijão foi parar dentro de uma pratinha de chocolate que o menino deitou fora.
– Oh! Oh! Este sou eu?
É que o Feijão nunca se tinha ainda visto ao espelho. Era branco, mas com uma espécie de chapéu preto no cimo da cabeça.
– Sou um Feijão-frade!
Pois era mesmo!
– Bem! Vamos ver para que sirvo.
Mais uma vez. foi apanhado e colocado dentro de um tacho. Arrepiou-se. “Vou ser cozido e comido com cebola e salsa – e talvez atum. Já estou a ver- me a ser banhado com azeite e ser engolido!” – disse o pequeno Feijão Frade.
Deu um salto e sem que ninguém desconfiasse fugiu da panela e foi esconder.se no cesto das batatas. Ali esteve uns dias sem ninguém o ver. Quando as batatas chegaram ao fim e era preciso trazer mais a cozinheira viu o Feijão e disse:
– Olha aqui um Feijão Frade sozinho.
Pegou nele e atirou-o para dentro de um vaso que já tinha uma flor. Que perfume bom aquele! Assim esteve até que um dia começou a germinar. Cresceu, cresceu e daquele pequeno Feijão nasceram outras vagens com feijões iguais a ele.
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