Era uma vez um peixinho vermelho que nadava despreocupado num enorme aquário junto com outros peixes. Uns eram grandes, outros pequenitos como ele. Havia uma caixa, na prateleira ao lado, com dois cágados e uma tartaruga. Estes não se entendiam, porque a tartaruga grande comia tudo – ou quase tudo – e os pequenos só ficavam com o que ela deixava. Tinham grandes discussões!
O peixinho olhava e não entendia porque naquela caixa se discutia tanto. É que, onde ela morava, todos se davam bem. Brincavam por entre as pedrinhas e arbustos de plástico. No meio, tinha uma fonte que deitava bolhinhas de ar e que era uma brincadeira pegada, porque davam cambalhotas e brincavam às escondidas. O peixinho amarelo e um outro com pintinhas pretas escondiam-se de tal forma, que era difícil encontrá-los para logo se esconderem de novo.
Tudo ia muito bem naquela loja de animais até que um dia apareceu por lá um menino com o pai. Queria um animal para brincar. A tartaruga era grande. Os cágados não era possível porque não tinham onde dormissem. Optaram pelo peixinho vermelho.
O dono da loja pescou-o com uma rede pequenina, meteu água num saco de plástico, fechou-o. E lá foi ele, muito preocupado porque não sabia onde iria parar.
Quando chegaram a casa, o pai do menino despejou tudo num aquário redondo, mas muito pequeno. Tinha umas pedrinhas no fundo, mas nada igual ao outro onde até tinha com quem brincar.
Chorou muito quando se viu ali sozinho.
Andava por ali uma mosca grande que pousou na beira do aquário e puxou conversa com o peixe.
– Olá. És novo por aqui. Bzz, Bzz… Ontem não estavas cá! Bzz, Bzz…
– Pois não. Hoje vim da loja, onde me compraram, e aqui estou sozinho, sem ninguém para conversar. Levas-me outra vez para a minha loja? – Pediu ele à mosca.
– Sabes bem que és muito pesado para mim. E, além disso, tu estás dentro de água e eu se mergulho aí, morro afogada.
O peixinho ouviu vozes no corredor e a mosca foi embora. Eram os donos da casa, com o menino que chegava da escola.
– Olá, peixinho vermelho! Como foi o teu dia? – Perguntou o menino, entusiasmado.
O peixe não lhe podia dizer que esteve à conversa com uma mosca, mas deu umas cambalhotas e fez o menino rir à gargalhada.
– Pai, mãe. Venham cá ver o peixe a brincar comigo!
De repente, o peixinho vermelho já não se sentia tão sozinho. Além disso, a mosca vinha visitá-lo todos os dias e, pousada no bordo do aquário, tinham grandes conversas. Mas tinha saudades dos amigos do aquário grande. Até tinha saudades das discussões dos cágados e da tartaruga!
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