Dentro do setor da alimentação, para além de uma dieta equilibrada, o desperdício alimentar é outro fator crítico que contribui para a Pegada Ecológica de uma população, com grande potencial de melhoria.
É estimado que um terço da produção total de alimentos no mundo (1,3 mil milhões de toneladas) se perde ou é desperdiçado todos os anos, ao longo da cadeia de fornecimento, da produção agrícola ao consumidor final.
E o mais surpreendente é que a produção total de alimentos no mundo chega para alimentar toda a população mundial. Sem contar que um quarto do que desperdiçamos é suficiente para acabar com a fome no mundo, um dos desafios mais urgentes da atualidade.
Além de uma questão social, esta realidade tem também impactes ambientais, nomeadamente o desperdício de recursos naturais – consumo desnecessário de água, terra e energia – para a produção, processamento, embalamento e transporte de produtos que acabam por não ser consumidos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o desperdício alimentar representa 8% do total das emissões de gases de efeito de estufa de origem antropogénica. Por cada quilo de alimentos produzido, 4,5 quilos de dióxido de carbono é emitido para a atmosfera. Ainda, quando depositados em aterro, os alimentos sofrem decomposição anaeróbia, levando à emissão de metano, um dos gases com maior peso em termos de efeito de estufa.
Na Europa o consumidor final é responsável por 53% do desperdício alimentar (88 milhões de toneladas). A parte positiva é que nós podemos contribuir para a redução deste desperdício.
Estarmos atentos aos rótulos dos produtos pode ajudar nesta questão: as datas indicadas depois do “consumir de preferência antes de …” e “consumir de preferência antes do fim de …” significam que ainda é seguro consumir o alimento após a data indicada, desde que as instruções de armazenamento sejam respeitadas e a embalagem não esteja danificada.
Ao comprarmos produtos locais, e nas quantidades certas, estamos também a contribuir para o combate ao desperdício ao longo da cadeia de fornecimento e em nossas casas.
Em Portugal temos bons exemplos de combate ao desperdício alimentar. Partilho aqui dois projetos que podem incentivar-nos a mudar hábitos simples do dia-a-dia:
– O projeto Embrulha, criado com o objetivo de promover o combate ao desperdício alimentar no setor da restauração no Porto. É bem simples: através do pedido de uma embalagem gratuita, o cliente pode levar para casa o que sobrou da refeição.
– O projeto Dose Certa atua na prevenção da geração de resíduos alimentares através da redução da quantidade de comida servida às refeições. É direcionado para os estabelecimentos de restauração, e para cidadãos nas suas rotinas diárias.
Num futuro próximo, em Portugal, existirão pontos de venda específicos, nomeadamente em supermercados já existentes, para alimentos cujas validades estão próximas do fim, assim como a existência de uma plataforma web para o cruzamento da oferta e procura dos bens alimentares com risco de desperdício.
Estas medidas fazem parte da estratégia e plano de ação delineados pela Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CMCDA), que vale a pena dar uma olhadela.
Fontes de informação:
- www.fao.org/food-loss-and-food-waste/en/
- www.europarl.europa.eu/news/en/headlines/society/20170505STO73528/food-waste-the-problem-in-the-eu-in-numbers-infographic
- www.gpp.pt/images/MaisGPP/Iniciativas/CNCDA/08nov_apresentaoCNCDA_Final.pdf
- www.gpp.pt/images/MaisGPP/Iniciativas/CNCDA/ENCDA.pdf
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