Conduzir em direcção ao pôr-do-sol numa estrada sem fim, liberta a adrenalina que percorre o nosso corpo como que estivesse adormecida à espera de emoções que muitas vezes se escondem por detrás de desculpas esfarrapadas ou sentimentos de negação. Somos seres sedentos de aventuras; o desconhecido desperta a nossa curiosidade. Nesses momentos procuramos evadir-nos da nossa carapaça e acelerar sem rumo; sentimos o vento na cara e deixamos o medo para trás. Sobre o asfalto desenhamos um rasto de pensamentos que nos enlouquecem. Pensamos em voz alta. O caminho é longo e as curvas e contra curvas aparecem para nos manter focados na realidade de uma vida que é a nossa, que nos pertence por direito desde que nascemos. É nela que vivemos e é com ela que teremos de ultrapassar todos os obstáculos que nos fazem crescer. Continuamos na nossa viagem; o ponteiro sempre colado no vermelho faz-nos sentir vivos. Ainda não vemos o fim mas sentimos o cheiro a maresia. A vida vive-se a correr mesmo na descontracção de momentos simples como o surfar da nossa onda preferida. Tudo acontece em segundos; os sinais da natureza são os nossos guias. Por fim quando olhamos o horizonte e vemos um infinito azul que se mistura com o céu conseguimos respirar de alívio. Aquela imensidão liberta-nos. As ondas que numa dança sincronizada nos embalam para um estado de quase hipnose transportam-nos para um nível mental superior. Do alto de uma falésia com uma vista privilegiada sobre o seu corpo, encontramos a paz junto ao mar. Somos pequenos quando nos sentamos e observamos tudo aquilo que ele nos tem para ensinar. O vai e vem de correntes desenham as linhas da vida e mostram-nos como ela também é feita de marés. De espírito sereno conquistamos a liberdade.
Luís Sousa (texto)
Michele Ambrosini (foto)
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