Vivemos num mundo que teima em captar a nossa atenção. Tudo, desde os nossos filhos, à escova de dentes no supermercado, tudo reclama pela nossa atenção (seja pelos motivos certos ou “menos certos”). Quando cedemos a nossa atenção, estamos a ceder um pouco de nós. Na verdade, sempre que damos atenção a algo ou alguém, estamos a criar um canal de comunicação entre nós e essa coisa. Ainda vou mais longe! Quando estamos a comunicar com alguém, estamos a dar de nós a esse alguém (ou a essa “coisa” como, por exemplo, num anuncio de publicidade).
Até que ponto vivemos enclausurados a tentar dar resposta a um mundo que tantas vezes nos dá tão pouco?
Ao darmos um pouco de nós, deixamos o isolamento da individualidade e passamos a um estado de união com alguém que está ao nosso lado. De repente, o plural passa a ser “um” e passamos a dar e a receber nesse estado de partilha e de ligação. Mas é exactamente aí que está o perigo, é exactamente nessa corrente que reside um elo da adversidade.
Até que ponto vivemos enclausurados a tentar dar resposta a um mundo que tantas vezes nos dá tão pouco? Porque, quando vivemos este mundo em sociedade, a troca tem de ser benéfica para ambos. Caso contrário, somos completamente sugados por esta imensidão de exigências do mundo que nos rodeia e deixamos de ser “nós”.
A resposta vem de dentro do nosso Ser – é a “porta aberta da jaula” – que nos lembra que também existimos na nossa individualidade. E, se tiramos partido quando nos damos, quando vivemos unos com o que está à nossa volta, também temos de tirar partido desse mundo exterior. Por outras palavras, se temos em nós uma fonte de inspiração, quando nos ligamos ao mundo exterior estamos a beber também de todos os rios de inspiração além de nós. A resposta, mais uma vez, é completa. São todas as fontes, todos os rios, todos os mares de inspiração que fazem de nós Seres completos, Seres unos a viver em pleno todas as nossas capacidades. (Porque “nossas” tem um significado verdadeiramente plural na Humanidade.)
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