A definição de saúde é bem mais larga que apenas a ausência de uma doença física. Saúde define um estado de plenitude e harmonia ao nível físico, mental, emocional e espiritual.
E como colocar a alimentação ao serviço desta plenitude?
Tudo no Universo é energia. Somos uma rede completa e complexa de protões, neutrões e eletrões que interagem com o meio e estão em constante movimento. A alimentação é parte dessa rede. Experimentei dezenas de modelos alimentares e foi a macrobiótica que me ensinou a chegar à mente assim como às emoções através da alimentação. Embora talvez outros sistemas sejam capazes de nos fazer emagrecer, manter a barriga lisa, ser baixos em calorias, ou até não usarem de produtos alimentares de origem animal foi na macrobiótica que encontrei uma resposta para ganhar poder sobre o meu estado.
Então que é afinal uma dieta macrobiótica?
Uma dieta macrobiótica baseia-se no alimento como a fonte principal de saúde. Antes da industrialização alimentar, era a Natureza a nossa fonte básica de sustento. Consumíamos os produtos da terra, o sabor das estações, e seguíamos os ciclos da Natureza.
Esta dieta apoia-se no consumo regular de:
* Cereais Integrais (40-60% dos alimentos diários em peso): Arroz integral, Cevada, Aveia, Espelta, Millet. Trigo Sarraceno e quinoa (pseudo cereais) e outros. Os nossos intestinos são longos e têm uma estrutura adequada para digerir as fibras dos cereais. São ricos em hidratos de carbono, proteínas, gorduras, minerais, e fibras e ajudam a manter o equilíbrio ao longo do tempo devido ao desdobramento lento dos açúcares. Os cereais integrais são compostos por grandes cadeias de moléculas que se desdobram de forma lenta e gradual permitindo a sensação de equilíbrio e saciedade por um longo período de tempo. Energeticamente eles aportam grandes níveis de energia interessantes à manutenção da vitalidade corporal. Cada cereal tem propriedades únicas e mais ou menos interessantes em cada condição. (Alguém com muita energia mental, beneficiará certamente do consumo de Millet, por exemplo.)
* Vegetais (20-30% dos alimentos diários em peso): Para além das propriedades minerais e vitamínicas que já todos conhecem, eles conferem a vitalidade e frescura à vida de cada um. Para além de todos os benefícios para a saúde física, trazem cor à tua vida e podem nutrir zonas específicas do teu corpo.
Ora observa:
Imagina-te a ti mesmo como uma grande árvore enterrada pela zona da cintura. Tudo o que está para baixo é raíz. Para cima, caule e folhas. A raíz liga-te á terra e mantem-te firme, focado, seguro, estruturado. A parte superior liga-te ao céu para onde te apontas.
Agora observa cada legume.
Existem as raízes – os que nascem debaixo do solo, como as cenouras. Os que nascem em cima do solo, como as abóboras. E aqueles que nascem virados para o céu, como por exemplo as couves.
As raízes, elas nutrem as tuas raízes. Fornecem energia e vitalidade aos órgãos inferiores do teu corpo, como os intestinos, órgãos reprodutores. Enfiam-te a mente na terra quando ela teima em voar com o vento.
Os vegetais que crescem em cima do solo, – por norma redondos, alimentam a nossa calma e apaziguam o estômago, o baço ou o pâncreas. São fulcrais para quem tem uma mente incansável e variações constantes de humor.
Os vegetais de folha, aqueles que crescem virados para o céu, alimentam a nossa parte superior. Conferem-nos frescura e flexibilidade trabalhando nas estruturas pulmonares, coração e fígado.
Devem ser preferencialmente consumidos os legumes biológicos uma vez que tem uma quantidade de pesticidas e herbicidas inferiores e são aqueles que por força deste motivo podem ser mais bem aproveitados. Não descasco cenouras, nabos nem rabanetes!
* Leguminosas (5-10% dos alimentos diários em peso): São a fonte de proteína vegetal, sendo, no entanto, de extrema importância que se cozinhem da correta maneira. Devem ser na sua generalidade demolhados e cozinhados com alga Kombu para que sejam mais digeríveis. Imperativo sempre, é a demolha e a cozedura com o tempo necessário. Não coma leguminosas mal cozinhadas. Combinados com um cereal integral obtemos uma proteína completa. As leguminosas junto com os cereais integrais reúnem todos os aminoácidos essenciais. Estes nutrem sobretudo os rins e glândulas suprarrenais bem como fortalecem os órgãos reprodutores. Falamos do feijão azuki, do feijão vermelho, do feijão de soja branco e preto, do feijão branco, ervilhas, favas, lentilhas, grão.
Para além das leguminosas, existem algumas opções de produtos derivados. Sobre estes é importante que se consumam boas marcas e com apenas os produtos que lhes dão origem. Falamos do Tofu, do tempeh, e do seitan.
O Tofu é uma preparação feita à base do leite do feijão de soja. A este é adicionado um espessante natural – o Nigari. É um alimento que arrefece. Mais interessante para mulheres que para homens por esta característica. Útil para pessoas mais tensas.
Tempeh é um processo de fermentação de leguminosas oriundo da indonésia. Poderá conter vitamina B12. Super versátil e altamente proteico.
O Seitan é obtido através do glúten de trigo cozinhado.
* Algas Marinhas (Pequenas quantidades): as algas são uma outra forma de consumir vegetais. Desta vez, marinhos. São ricos em vitaminas, ferro e cálcio e verdadeiras depuradoras. Ricas em oligoelementos, proteínas, hidratos e vitaminas. Falamos da alga Kombu, que utilizo para cozer os cereais integrais e as leguminosas, da wakame – a mais frequente encontrar (sopa miso), a Nori, a habitual no sushi, a Aramé, perfeita salteada com cebola e cogumelos, a Hiziki, bastante yang cheia de cálcio, amo-a em estufados, e por fim a ágar-ágar que prepara gelatinas poderosas, naturais e medicinais.
* Sementes e frutos secos: São interessantes uma vez que acrescentam ao prato uma nova textura e mais vitaminas e minerais. As sementes de sésamo são altamente ricas em cálcio, vitamina E e ácido fólico. Falamos das sementes de sésamo, abóbora, girassol. Os Frutos secos serão sempre mais interessantes os do nosso clima. Necessário ter em atenção que tanto uns como outros devem ser consumidos tostados. Sementes virgens mal mastigadas vão apenas fazer de quadro nas paredes do intestino. Elas devem ser previamente tostadas para que sejam digeríveis e absorvíveis.
* Pickles (pouca quantidade) – Devem ser consumidos diariamente e no final da refeição. Os pickles são legumes fermentados cujo interesse no nosso prato é aumentar a macrobiota intestinal bem como ajudar a digestão da refeição. Se utilizares de compra é importante ler sempre a etiqueta. A indústria é um bocadinho impaciente e nem sempre habilidosa, e por norma coloca açúcar nestas conservas de forma a aumentar o processo de fermentação. Opta por uns que sejam apenas o legume a água e o sal, ou substitutos do sal como o shoyu.
* Óleos – o azeite, o óleo de sésamo e o de grainha de uva são os que mais utilizo. Opta por óleos de boa qualidade. Biológicos e prensados a frio para garantir o bom estado do que lhe deu origem.
* Adoçantes Naturais – A geleia de arroz, o malte de cevada, a fruta, o amasake. Há excepção da fruta, estes adoçantes são obtidos através dos cereais integrais e isso confere-lhes equilíbrio energético sobre este ponto de visa. No entanto sobre este tema o melhor remédio é mesmo o equilíbrio. O ideal é que apenas se consumam numa base semanal e numa quantidade equilibrada.
Para além destes, as frutas, o peixe e em regimes de transição talvez os lacticínios, ovos, aves e carne.
Nada é proibido.
Tudo é permitido.
Tudo tem uma consequência.
Tudo tem uma cura.
Quem és?
O que fazes?
Qual o teu estado?
Para onde queres caminhar?
Até já!
Abraço,
Alexandra
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