Em momentos de paz, consigo ouvir a minha respiração, serena e tranquila, enquanto a minha mente vagueia por aí. Perco-me para um outro plano – superior ou inferior, não importa -, mas viajo pelo infinito até encontrar aquilo que a minha mente, na sua fuga repentina, conseguiu alcançar. A imensidão do desconhecido está à espreita, e a curiosidade é minha inimiga. Sou capaz de ouvir o silêncio de um quarto vazio quando fecho os olhos. Ouço os meus pensamentos alimentarem-se de ideias abstractas ou percepções que me deixam confuso. Há quem diga que são loucos os que ouvem vozes no silêncio de um quarto vazio, que são tolos os que olham pela janela e vêem gatos numa rua deserta. Seremos todos loucos ou tolos por expandirmos as nossas ideias para lá de uma realidade imaginária quando nos obrigam a viver de certezas preconcebidas? Enquanto escutar os meus pensamentos, serei sempre um louco, ou um tolo, porque a minha mente é livre de pensar e de fazer o que bem entender. O alcance de um pensamento que a nossa mente dispara é o infinito no seu todo, e o seu veículo é a imaginação que nos pode levar, numa questão de segundos, para lugares reais, provenientes de experiências vividas, irreais, quando nos ausentamos para outros mundos, e surreais, não havendo lugar para a lógica, desde que tenhamos a coragem de percorrer o caminho até ao fundo do nosso Ser e descobrir os segredos escondidos nessa viagem interior. Somos vítimas da nossa própria mente. Pode levar-nos à loucura e as vozes são perigosas. É importante saber regressar. Loucos são aqueles que não sabem escutar os gritos da alma e tolos são aqueles que não vêem gatos numa rua deserta. Os gatos, esses, são livres.
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