Era uma vez uma pequena raposita, novinha mas já muito esperta. Do que ela mais gostava era de uma galinha roubada no galinheiro, ali mesmo pertinho da sua toca.
Certo dia, decidiu esperar pela noitinha, quando o sol começava a desaparecer e só se conseguia ver bem quando a Lua cheia começava a levantar-se por entre os pinheiros da serra. Era linda, a Lua. E a raposita ficava a espreitar o galinheiro, desejando que a dona se distraísse e deixasse a porta mal fechada.
Mas a dona Maria sabia que a raposa andava perto. Fechava tudo, muito bem fechado.
A raposa ia lá espreitar todas as noites. Descobriu um dia que a rede da capoeira tinha alguns buracos. Uns maiores e outros pequenos. Nos buracos pequenos, ela não cabia. Se houvessem outros maiores, talvez ela já coubesse.
Empoleirou-se na rede e espreitou.
Que maravilha!!! Lá dentro, um galo grande e lindo. De penas vermelhas e brancas. Que bela refeição! Mas como lá chegar? Essa, era a parte mais difícil.
Farejou à volta de toda a capoeira, espreitou bem se havia buracos grandes. Mas nada! Nadinha! Talvez amanhã tivesse mais sorte!
A dona Maria costumava levantar-se de manhã cedinho para soltar as galinhas. E a raposa, lá ao fundo do quintal, escondida. Mas… atacar o galinheiro de dia? De dia, não dá. Aconchegou-se na toca, no meio da folhagem. Também descobriu um cão que ladrava. Engraçado, ela nunca tinha visto o cão. Que chatice! Um cão? Era só o que faltava! A dona Maria tinha trazido um cão da aldeia para lhe fazer companhia.
A raposita pensou: a rede sem buracos, a porta fechada e agora um cão. Isto está mau! Fico sem o meu rico galo e, portanto, sem almoço!
Chegou a dona Maria, com um braçado de folhas de couve para dar às galinhas. Foi aí que a raposa, sempre matreira, conseguiu esquivar-se e se meteu lá dentro da capoeira. Lá dentro, escondeu-se bem ao fundo para ninguém a ver.
A raposita esperou. Quando a noite chegou, as galinhas acomodaram-se nos poleiros, com o galo grande e gordo que também lá estava. A raposa saiu devagarinho e… Zumba! Vai de deitar os dentes ao galo!
O galo pôs-se logo a gritar: Có Córócó Có!!! O cão ouviu a zaragata e começou logo a ladrar. E a raposa viu-se com o galo nos dentes, mas com a porta fechada. E agora? Como é que ela iria conseguir fugir?
A dona Maria ouviu tanto barulho que foi ver o que se passava.
– AH! Sua marota! Larga já o meu galo!!!! – disse a dona Maria.
Pegou num pau que estava ali perto, pronta para dar uma tareia na raposa que aproveitou a porta do galinheiro aberta. Assustada, a raposita teve de largar o galo e desatou a fugir.
– Safa! Desta ainda escapei, mas não volto aqui! – exclamou a raposita que acabou por ficar sem almoço. Enfim, teve que ir procurar outra capoeira, uma que tivesse buracos, ou onde não houvesse cão, ou onde a dona deixasse a porta aberta. Talvez noutra vez tivesse mais sorte!
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