Era dia de Natal. Tinha sido convocado para ajudar os outros Pais Natal na distribuição das prendas. Quando acordou e olhou em redor já não estava lá ninguém. Os outros companheiros já tinham saído, cada um com os seus sacos cheios. Só restava um saco. Era o seu e, claro, sendo o último era o mais “ magrinho”.
Não podia fazer nada. Tivesse acordado a tempo de escolher!
Pegou nele e muito triste lá foi de casa em casa, ou melhor, de chaminé em chaminé. Mas também já por lá tinham passado os outros, deixando os seus presentes.
Foi andando. Andou muito tempo. O saco continuava na mesma. Não havia canto, nem rua que não tivesse já passado um Pai Natal.
Sentou-se num banco do jardim deserto. Apenas as luzes piscavam no cimo das árvores.
Colocou as mãos a apoiarem a cabeça pesada de tantos sonhos desfeitos. As Lágrimas correram pela face. Um barulhinho fez–se ouvir. Levantou a cabeça e afiou a vista. Uma pequena luz no cimo da árvore piscou com mais força. Levantou-se. A pequena luz foi andando e o Pai Natal foi andando com ela.
Como por magia, não fosse o Natal um tempo mágico, viu-se rodeado de crianças que vinham de suas casas a correr. A pequena luz estava lá, também, a piscar no alto da grande árvore. A mais alta do jardim.
Não havia frio, mas muita luz e muitas crianças. Sem pensar muito meteu a mão no saco das prendas. Foi dando prendas e mais prendas e os meninos estendiam as mãozinhas a levar cada um a sua caixa, saco ou embrulho.
Estava feliz o Pai Natal e ia deixando felizes os meninos.
A luz da manhã começou a iluminar o jardim e o sol espreitou por entre as casas no seu melhor esplendor. E o Pai Natal rumou ao armazém onde os outros companheiros já tinham chegado há muito. Dormiam. Tinham tido uma noite atarefada e longa.
Ele não estava muito cansado. Até nem tinha tido o trabalho de descer pelas chaminés. Deitou a cabeça em cima do saco onde levara as prendas. Dormiria um bom sono. Cumprira a sua missão.
Que esquisito! Esquecera um embrulho no fundo do saco, entalado numa prega. Ainda sobrou uma. No meio de tantas mãos a aceitar prendas, aquela ficou presa, e não se soltou.
Pois bem! É este o embrulho! Este o pequeno presente que ficou esquecido no fundo do saco. Não faço a menor ideia de quem a irá receber mas uma certeza, porém, é que vai ficar em boas mãos. E a certeza também de que este Natal vai ficar na memória, porque, mesmo sendo velhos, todos temos sempre uma criança dentro de nós.
Seremos, cada um de nós, uma das crianças que se encontravam naquela noite de Natal no jardim visitado por este Pai Natal dorminhoco, mas feliz!!
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