Multiculturalidade, multirracialidade, multiplicidade de conceitos à volta da indumentária.
(Esta é uma série de 3 artigos, em que vos vou trazer um assunto que é tão actual como polémico. Será que a imagem ainda conta?)
Voltando ao início da nossa “conversa” o que vai mudar na indumentária destes jovens adultos a nível corporativo?
A forma como nos apresentamos é uma das mais fortes formas de comunicação. É através do nosso corpo e da nossa imagem que transmitimos muitas e diferentes informações sobre quem somos. Em segundos, alguém forma uma opinião sobre nós: se somos confiáveis, profissionais, atraentes. Seja ou não de forma consciente, formamos conclusões sobre as qualidades profissionais de uma pessoa pela análise do seu dress-code.
Os millenials que entrevistei, homens ou mulheres, preocupam-se com a sua imagem, apesar de não quererem ser catalogados por aquilo que vestem, a forma como usam o cabelo ou exibem as tatuagens ou piercings. Na verdade, foram bem mais “precavidos” nas suas respostas do que eu imaginaria.
Mas vamos por partes: o que é que os millenials mais valorizam na sua imagem corporativa?
Fluidez de movimentos, sustentabilidade das roupas, calçado e acessórios e liberdade de escolha.
Na verdade, uma das coisas que estes jovens adultos mais mencionaram foi o “não” redondo ao uso de gravata. Apesar de darem importância a este acessório para ocasiões mais formais, a maioria dos inquiridos associam a gravata ao desconforto. Em muitas empresas, o uso de fato e gravata é inclusive desincentivado, considerando a redução do consumo dos aparelhos de ar condicionado dos escritórios de forma a poupar energia. E a questão ambiental é muito querida dos millenials.
A sustentabilidade é o novo luxo para os millenials. As marcas que se associam a causas como o ambiente, a sustentabilidade e a humanidade, com custos justos e de produção nacional, estão na sua lista de preferências. E esta preocupação não se manifesta apenas no vestuário mas também na maquilhagem, cosmética e produtos de higiene pessoal.
A consultora de Imagem Sara Esteves, da Palmier by Sara Esteves também acredita que “cada vez mais os jovens adultos procuram também apoiar pequenos negócios, pequenas marcas. E se estas forem portuguesas, melhor. Esse é, de facto, o novo luxo para os millenials: se tipicamente as marcas de nicho produzem pouco, logo dão a este “público” a sensação de estar a adquirir uma peça especial e que não irão ver outra pessoa usar no mesmo ambiente. Por outro lado, sentem-se “embaixadores” da tal marca, em especial na era do Instagram, uma das redes sociais mais usadas pelos profissionais millenial para a sua auto-promoção”.
“Não interessa, é apenas tecido”.
Um dos aspectos que mais me impressionou na consulta que fiz aos 40 millenials, foi a liberdade de se poderem vestir sem tabus, sem preconceitos e em constante experimentação. “É errado um homem vestir uma camisa cor-de-rosa?”; Porque é que só as mulheres é que usam saia?; “É o género que define o que é que a pessoa pode vestir?” Passamos assim do conceito de unissexo para o conceito “sem género”. A marca de roupa infantil Zippy foi, este ano, um exemplo desse movimento, provando que não tem que haver um estilo definido para cada criança, apenas por ser rapaz ou rapariga. Todos podem (e devem) usar aquilo com que se identificam, independentemente das cores. As túnicas, bijuteria e botas de cano alto de Conan Osíris já representam essa liberdade e traçam uma tendência que, aparentemente, ser irá manter.
Carla Soares
Career Coach
www.coachcarlasoares.com
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