E o longe aqui tão perto!
A morte é o contrário da vida.
O longe é o contrário do perto.
A noite é o contrário do dia.
A alegria é o contrário da tristeza.
A luz, das trevas.
O frio, do calor.
O mau, do bom.
O grande, do pequeno.
O doce, do salgado.
…
E assim os crescidos explicam às crianças o conceito de contrário.
Quase sempre sem questões embaraçosas.
Mas nesta caminhada fantástica da vida, colocar em causa, também nos faz crescer.
Choramos de tristeza. Choramos de alegria e rimos para não chorar!
Reclamamos se chove, barafustamos se faz sol.
Hoje queremos ser o centro das atenções. Amanhã só queremos passar despercebidos.
Num momento somos tranquilidade. A seguir somos alvoroço.
Vive-se por amor, mas também se morre por ele.
Gostamos e odiamos. Odiamos e gostamos.
A família que é porto seguro, tantas vezes encobre crimes hediondos.
Os políticos eleitos para protegeram os cidadãos, tantas vezes os desrespeitam.
A Igreja que apregoa o bem, tantas vezes pratica o mal.
A justiça que se quer justa, tantas vezes é injusta.
Acumula-se saber ao longo dos anos e um dia descobre-se que nada sabemos.
Mas estará o longe, assim tão distante do perto?
Acaso poderia existir um sem o outro?
Existiria frio se não houvesse calor?
Quando cai a noite surge a lua, mas o sol continua a brilhar. A única diferença é que não o conseguimos ver no hemisfério onde nos encontramos. O Sol e a Lua, coexistem e fazem afinal parte de um todo, o Sistema Solar.
Somos matéria. A matéria é constituída por átomos. Os átomos têm protões e eletrões. O protão tem carga positiva. O eletrão tem carga negativa. E o que acontece a estas partículas com cargas elétricas de sinal contrário? Pois é, atraem-se!
Os contrários que geram a unidade.
Somos gota e somos oceano e só o sabemos ser em simultâneo.
Somos o todo e somos as partes.
Somos iguais e, no entanto, tão diferentes, tão únicos.
Umas vezes cegos, outras caminhando estoicamente em direção ao horizonte!
Ângela Rego (Foto)
Paula Cristina Castanheira (Texto)
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