Não sei se todos tiveram oportunidade de ler, mas a quem não teve, recomendo vivamente. É um monólogo de Deus, que se dirige a nós – comuns mortais – escritas por Baruch Espinoza (nasc.em 1632).
Apesar de escritas no Sec. XVII, reconhece-se nas palavras de Espinoza uma actualidade desconcertante. Apesar de, num primeiro olhar, todo o texto ser delicioso, digno de ser emoldurado, ou então partilhado nas redes sociais com milhões de gostos, acompanhem-me neste bocadinho…
No texto pode ler-se «Pára de ficar rezando e batendo no peito (…) Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa (…)» numa clara alusão à Igreja. Mas que mal tem encontrar Deus de um qualquer formato? O que é realmente importante não é encontrar Deus?
Não! Segundo o mesmo texto, o importante é perceber que Deus esta em cada um de nós.
Mas nós somos Humanos e além disso, somos Ocidentais. Como humanos e ocidentais que somos, precisamos de referências. Gostamos (e mais do que gostamos, precisamos) de algo que nos lembre constantemente que somos mais do que esta correria diária, que somos e nos conectamos com algo superior que não se espatilha com expectativas. Que nós somos Deus e Deus somos nós.
Por isso vamos à missa, fazemos meditação, partilhas de Reiki, retiros de quando em quando… Não é tudo isto a procura de tempo para o que acreditamos? Não significa “esta procura”, que ainda não o Vivemos em pleno?
O texto continua com “Se não me podes ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro”.
Mais a missão difícil. Como comuns mortais e ocidentais, gostamos de livros, gostamos de acreditar que encerram verdades que nos tocam ao coração e gostamos de ler e reler sobre o mesmo assunto, como que a reconfirmar o mesmo.. o que já sabemos!
Gosto especialmente da parte: “Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?”
Não é lindo? 🙂 É exactamente o contrário do que tipicamente fazemos. A nossa natureza é acharmo-nos incapazes e pedir. Pode ser um pedir, disfarçado de “aceitação” pode ser um “pedir forças”, “pedir bênçãos” … Mas será sempre “pedir”!
Como este texto já vai longo, vou ficar por aqui e continuamos na próxima publicação,
Até lá, Divirtam-se e Vivam a Cores
🙂
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