O silêncio pode ser o maior confidente de alguém que se encontra no limite da sua capacidade de compreensão ou entendimento, quando procura respostas para acontecimentos vividos durante o seu percurso no trilho da vida. Por vezes somos sensíveis aos ruídos que nos chegam do exterior. Os bloqueios provocados pelo som de tudo o que nos rodeia limita o nosso exercício interior de organização mental. A avalanche de informação que nos chega vinda de meios de comunicação que apregoam falsas noticias, escolhendo sempre o que acham importante para o comum individuo, toma de assalto a nossa mente com a violência de um comboio de alta velocidade a embater numa montanha; nem nos apercebemos das barbaridades que estamos a ouvir. Tudo é debitado sem filtros, sem noção do impacto que poderá ter na vivência de cada um de nós. As emoções crescem dentro do nosso corpo como trepadeiras selvagens, a uma velocidade estonteante, dando lugar a sentimentos perversos que nos obrigam a deixar de ser quem somos. Tornamo-nos actores e deixamos de lado a nossa essência. Quando chegamos ao nosso limite, momentos de silêncio fazem-nos desacelerar da corrida diária e levam-nos a estados de quase hipnose quando começamos a ouvir o que deixamos escapar de dentro de nós. Pequenos pensamentos que se dispersam no turbilhão de emoções, confundidos e esquecidos quase instantaneamente, ganham relevo na nossa mente e começam a ser escutados como melodias de embalar. As ideias organizadas dão-nos uma visão mais clara do que queremos ser e para onde queremos ir. Libertamo-nos das amarras da informação obsoleta e vamos atrás dos nossos ideais e valores. Construímos novos caminhos e encontramos soluções. Escutarmos a nossa voz leva-nos a reflexões irreflectidas que desconhecíamos existirem dentro do nosso Ser. O silêncio pode ajudar-nos a crescer enquanto pessoas; o nosso instinto sabe qual é o momento certo para nos recolhermos.
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