A Marta adora acordar bem cedinho nos fins de semana. Nos dias em que tem escola às vezes faz um bocadinho de ronha a mais, e depois tem de andar a correr para chegar a tempo. Mas nos fins de semana levanta-se de um pulo, prepara um grande pequeno almoço, e vai a correr instalar-se no sofá. É a primeira a levantar-se. Não gosta de perder nenhum dos seus desenhos animados.
O irmão, mais velho e mais dorminhoco, quando chega à sala bem tenta convencê-la a mudar de canal:
— Ó Marta, os super-heróis não existem! — Mas ela faz de conta que não ouve, atenta às capas, aos saltos por cima de arranha céus e a todos os poderes especiais.
O pai, quando o dia está bonito e cheio de sol, levanta-se cheio de energia para dar um passeio de bicicleta. Mário, o irmão da Marta, alinha logo. Mas ela, mesmo com pena de não ir, acaba por negar sempre, em favor dos desenhos animados. O pai faz coro com o irmão:
— Mas Marta, os super-heróis não existem! — Mas ninguém a convence disso. E ela lá fica, na sala, a acompanhar os seus heróis, enquanto o pai e o irmão vão passear pelo campo, sempre a pedalar.
Todos os fins de semana a mesma coisa: o pai e o irmão saíam e a Marta ficava em frente à televisão. Mas uma manhã cheia de sol, o pai acordou ainda mais cedo que a Marta. Andou a cirandar entre a cozinha e a garagem e depois foi fechar-se no quarto, durante muito tempo. Quando saiu, todos se desmancharam a rir: o pai vestia umas leggins azuis, que mal lhe serviam, trazia uma touca de natação na cabeça e, preso à volta do pescoço, um lençol azul com florinhas vermelhas. Para completar, tinha posto os óculos de sol da mãe. Enquanto todos se riam à gargalhada, o pai não fez caso e, a correr, pegou na Marta ao colo, como um verdadeiro super-herói. Acenou ao Mário que o acompanhasse e foram todos até à garagem. As bicicletas estavam prontas para sair, todas com o seu cestinho bastante cheio. Iam fazer um piquenique!!!
Enquanto pedalavam todos os vizinhos olhavam para eles: o Mário no seu fato de treino era o único a quem não se podia apontar o dedo. A Marta estava de pijama e pantufas e o pai ainda não tinha tirado sequer o lençol! Mas a galhofa era imensa. O pai cantarolava hinos de heróis sem parar.
Quando chegaram ao parque, a Marta saiu da bicicleta e, enquanto abraçava o pai, sussurrou-lhe: Pai, os super-heróis existem!!!
Agora vamos lá, pensar com calma faz bem à alma!
— Os super-heróis existem? Porquê?
— É preciso uma capa para sermos super-heróis?
— Quais são os super-poderes mais importantes?
— Tens alguém na tua vida que é um super-herói? Porquê?
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