Um dos maiores lamentos que ouvimos nos nossos locais de trabalho é: “Quando é que me sai o Euromilhões para eu nunca mais trabalhar na vida?”
Convenhamos: A probabilidade de ganhar o 1º prémio é de 0,0000007%. São maiores as probabilidades de ser atacado por um tubarão ou levar com um raio em cima.
Estes lamentos lembram-me muitas vezes a célebre frase de Confúcio “Escolhe um trabalho que amas e não terás de trabalhar nem mais um dia na tua vida”, porém a maioria das pessoas não pensa assim.
No Coaching de Carreira, deparamo-nos muitas vezes com pessoas que querem gerir carreiras que não amam. Melhorar um percurso profissional que, na base, nem deveria existir. Ressuscitar um plano de carreira que se encontra meio-morto. E digo meio-morto, porque as pessoas ainda se levantam para trabalhar, ainda tomam decisões, ainda cumprem com as suas obrigações. Mas fazem-no assentes num compasso estranho de resignação, lamento e entorpecimento. Sem qualquer paixão. Sem qualquer amor.
Muitas vezes é preciso abaná-las e perguntar: “Que trabalho é que te arrebataria? O que mais gostarias de fazer na vida? O que te apaixonaria fazer se pudesses escolher?”
Na maioria das vezes, as respostas são desconcertantes. “Eu nem te digo o que gostaria de fazer, até tenho vergonha! O que eu mais adorava fazer era servir imperiais numa praia e trabalhar dia e noite com os pés na areia”; “Se eu pudesse escolher, tirava este fato e gravata e trabalhava em paisagismo, no meio da natureza”; “O meu trabalho de sonho é estar todo o dia enfiada numa cozinha, a criar iguarias diferentes e que nunca ainda ninguém fez”.
O que leva, então, as pessoas a não perseguirem os seus sonhos?
Porque motivo não concretizamos os nossos maiores projectos pessoais?
Será que, por estarem engavetadas, nos esquecemos das nossas ideias e esperanças?
Em que momento decidimos que, sonhando, só criamos quimeras não concretizáveis?
As pessoas preferem a decisão de esperar pelo Euromilhões para mudar de vida, ao invés de iniciarem desde logo um Plano de Vida para a Felicidade no Trabalho. E para traçarem este plano, só são necessárias duas coisas: uma folha de papel e uma caneta. Tudo o resto, está dentro de nós. Um dos exercícios mais impactantes da minha vida foi colocar, numa folha branca de papel, as respostas às seguintes perguntas: “Quais eram os teus sonhos em criança? O que querias ser quando crescesses? Quem é que idolatravas? Quais os hobbies a que te dedicavas durante horas e horas? Quando brincavas, que personagens “vestias”?
Imagina-te na tua infância, a andar de baloiço. Quando os pensamentos eram livres, quando TU eras livre. Diz-me o que vês. Vês um trabalho que odeias? Estás infeliz e à espera de um milagre? Ou imaginas aquela profissão tão apaixonante e tão desafiadora que, se a escolhesses, valeria muito mais do que um Euromilhões?
E essa tua folha de papel? Está preparada para receber todas as letras que compõem os teus sonhos?
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