No texto “O Que a Índia uniu em mim” fiz uma abordagem ao Ayurveda (Ciência da Vida) e aos Doshas. Neste texto e nos próximos dois vou explorar cada um dos doshas (Vata, Pitta e Kapha), as suas características e que práticas de Yoga são mais adequadas para o equilíbrio deste dosha.
Uma das perguntas que deve estar a surgir é… Mas qual é o meu dosha? Existem vários questionários online que podem dar uma indicação de qual o vosso dosha, mas o aconselhável é consultarem um terapeuta de Ayurveda.
Os Doshas são forças cósmicas que agrupam os 5 elementos dois a dois: VATA = Éter + Ar, PITTA = Fogo + Água, KAPHA = Água + Terra, e que são os responsáveis pela constituição do nosso corpo físico, a sua substância e funções.
Neste primeiro texto vou falar sobre o dosha Vata. Vata significa vento, o que move as coisas, que regula todo o movimento no organismo. Vata é constituído por éter e ar.
De qualquer forma, Vata não se pode separar dos outros doshas. Tal como o vento se move com as nuvens no céu, Vata contém em si partículas de água e o potencial do fogo na forma de força, porque o vento só sopra com temperatura (fogo) e pressão (água).
As principais características de VATA são:
- ao nível físico – ou muito altos, ou muito magros, com uma estrutura pouco desenvolvida; têm um apetite muito irregular, tendo a tendência para perder peso; pela seca, fria e pálida, mas bronzeia-se facilmente; cabelo seco e fino; prisão de ventre irregular; transpira pouco; tem pouca resistência em esforço; e tem um sono variável.
- ao nível mental – quando a mente está em equilíbrio (sattwa), os Vatas são pessoas energéticas, com grande capacidade para mudança e bons ouvintes; quando a mente está muito agitada, os Vatas têm tendência para a indecisão, são pouco fiáveis, são hiperactivos e ansiosos; quando a mente está estagnada, inerte, os Vatas têm tendência para só fazerem o que as pessoas mandam e não fazem nada por eles, têm tendência para os vícios, depressão (pessoa que se isola, mas não fala com ninguém), desonestidade e medo.
- ao nível emocional – os Vatas tendem a tomar decisões precipitadas, são nervosos, aprendem facilmente, esquecem facilmente, são muito faladores e naturalmente espirituais.
Os locais mais sensíveis e frágeis de Vata são a cavidade pélvica (coxas, ilíaco, fémur), ossos, intestino grosso e o sistema nervoso. A fragilidade destes locais deve-se ao facto de uma das características de Vata ser a secura, faltando-lhe oleação natural para a lubrificação.
Ao nível da alimentação, os sabores que agravam mais este dosha são o adstringente, amargo e picante, porque são os mais secos, e como uma das características deste dosha é a secura, agrava essa característica. Os sabores que ajudam a pacificar Vata são salgado, ácido e doce, porque são os sabores mais húmidos.
Dada a característica da leveza dos Vatas, o óleo que deve ser usado nas massagens deve ser de sésamo, amêndoa, azeite, ghee (manteiga clarificada da Índia) ou ricínio, porque são óleos mais densos, ajudando no equilíbrio deste dosha.
Entendendo as características deste dosha as palavras chave para a prática de yoga de um Vata são: calma, lenta, estável, de enraizamento e consistente para contrariar o excesso de movimento. Em baixo deixo-vos uma sequência de pranayamas e asanas que vão ajudar no equilíbrio deste dosha:
- Pranayama – as técnicas de pranayama (técnicas de respiração de expansão do prana, energia vital), devem ser feitas lenta e profundamente
- Anuloma Viloma – esta técnica é chamada de respiração alternada, pois ajuda a equilibrar a energia masculina e feminina, ajudando a reduzir as tensões e a enraizar. Para se fazer este pranayama começa por se tapar a narina direita e inspira-se pela esquerda, depois tapa-se a narina esquerda e expira-se pela direita, voltamos a inspirar pela narina direita e a expirar pela esquerda e repete-se esta sequência, tendo presente que na expiração troca-se sempre para a narina contrária e a inspiração é sempre pela narina que imediatamente antes se expirou
- Asanas – as posturas devem ser feitas de uma forma calma, estável e suave
- Saudação ao sol – feita de uma forme lenta e consciente (para te recordares da saudação ao sol, espreita o texto “Saudação ao Sol”)
- Tadasana – postura da montanha
- Padahastasana – postura das mãos aos pés
- Pasasana – postura do laço
- Balasana – postura da criança
- Bhujangasana – postura da cobra
- Pachimontanasana – postura da pinça
- Janu sirsasana – postura da cabeça ao joelho
- Viparitakarani – postura do lago invertido
- Matsyasana – postura do peixe
- Meditação – a meditação das raízes é excelente para os Vata, pois ajuda no enraizamento (segue para o post “Meditação das Raízes”).
Identificam-se com algumas das características do dosha Vata? Experimentem fazer esta prática e tomem consciência como se sentiam antes e depois da prática e partilhem connosco. Boas práticas.
Om Shanti |
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